A luta mundial contra a obesidade entrou em uma nova fase. A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, no início de dezembro de 2025, sua primeira diretriz oficial recomendando o uso de medicamentos à base de GLP-1, como semaglutida, tirzepatida e liraglutida, no tratamento da obesidade em adultos. Pela primeira vez, a entidade reconhece oficialmente a obesidade como uma doença crônica, complexa e recorrente, afastando de vez a visão simplista de que se trata apenas de falta de disciplina ou força de vontade.
A recomendação autoriza o uso contínuo dessas medicações, com exceção de gestantes, e reforça que o tratamento deve obrigatoriamente ser acompanhado por mudanças sólidas no estilo de vida, como alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e acompanhamento multiprofissional. A OMS também deixa claro que se trata de uma orientação condicional, já que ainda existem desafios em relação à segurança e à eficácia a longo prazo.

As chamadas “canetas emagrecedoras” já são consideradas uma das maiores revoluções recentes no combate à obesidade. Elas atuam diretamente nos hormônios responsáveis pela saciedade, reduzem o apetite, melhoram o metabolismo e favorecem a perda de peso de forma clínica. Além disso, estudos apontam benefícios adicionais, como redução do risco de doenças cardiovasculares, controle do diabetes tipo 2 e melhora geral da qualidade de vida.
A dimensão do problema é gigantesca: mais de 1 bilhão de pessoas vivem atualmente com obesidade no mundo, e milhões de mortes anuais estão relacionadas direta ou indiretamente à condição. Por isso, especialistas enxergam a nova diretriz da OMS como um passo histórico, que pode acelerar a adoção desses tratamentos em políticas públicas de saúde, principalmente em países que ainda tratam a obesidade de forma limitada.
Apesar do avanço, a própria OMS faz um alerta preocupante: mesmo com o aval internacional, menos de 10% das pessoas que precisam desses medicamentos terão acesso até 2030. O principal obstáculo é o alto custo, aliado à produção ainda incapaz de atender à demanda global, além da desigualdade estrutural dos sistemas de saúde.

Outro ponto destacado é que o medicamento, sozinho, não resolve a obesidade. Sem mudanças no comportamento alimentar, no estilo de vida e sem acompanhamento psicológico, há riscos de reganho de peso e até de dependência do tratamento. A obesidade é multifatorial, envolvendo genética, ambiente, questões emocionais e sociais.
A preocupação também envolve o risco de aprofundamento das desigualdades: quem tem maior poder aquisitivo tende a acessar o tratamento com mais facilidade, enquanto populações vulneráveis podem ficar à margem dessa nova fase da medicina.
Com as novas diretrizes, cresce a pressão para que governos ampliem investimentos em prevenção, diagnóstico precoce e tratamento integrado da obesidade. Entre as principais frentes necessárias estão a redução do preço dos medicamentos, o fortalecimento do sistema público de saúde, campanhas de conscientização sem estigmatização e políticas de prevenção desde a infância.
A decisão da OMS marca um divisor de águas no enfrentamento da obesidade em escala global. Pela primeira vez, o tratamento farmacológico ganha respaldo oficial como parte central da estratégia. No entanto, o verdadeiro impacto dessa mudança dependerá da capacidade dos países de transformar orientação técnica em acesso real, acompanhamento contínuo e cuidado humanizado.
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